O ser humano é

Somos seres infantis, neuróticos, delirantes e também racionais.
Tudo isso constitui o estofo propriamente humano.
O ser humano é um ser racional e irracional, capaz de medida e desmedida; sujeito de afetividade intensa e instável. Sorri, ri, chora, mas sabe também conhecer com objetividade; é sério e calculista, mas também ansioso, angustiado, gozador, ébrio, extático; é um ser de violência e de ternura, de amor e de ódio; é um ser invadido pelo imaginário e pode conhecer o real, que é consciente da morte, mas que não pode crer nela; que secreta o mito e magia, mas também a ciência e a filosofia, que é possuído pelos deuses e pelas Idéias, mas que duvida dos deuses e critica as Idéias; nutre-se dos conhecimentos comprovados, mas também de ilusões e de quimeras. E quando, na ruptura de controles racionais, culturais, materiais, há confusão entre o objetivo e o subjetivo, entre o real e o imaginário, quando há hegemonia de ilusões, excesso desencadeado, então o Homo demens submete o Homo sapiens e subordina a inteligência racional a serviço de seus monstros. Edgar Morim (1921 - ), Os Sete Saberes necessários à Educação do Futuro, páginas 59-60.